As marés vão e vêm, mas A Pastorinha, com janelas viradas para a praia de Carcavelos, mantém-se firme na oferta de peixe e marisco, agora com o chef Mauro Álison ao leme.
Lagostas, lavagantes, caranguejos do Alasca e bruxas dos Açores dão vida ao aquário na sala d’ A Pastorinha, enquanto aguardam que o chef Mauro Álison ou outro elemento da equipa os retirem para a cozinha, ao ritmo dos novos pedidos. O equipamento continua a ser uma peça central, e por ser cada vez menos usual encontrá-lo em novos restaurantes de peixe e marisco, lembra a razão pela qual A Pastorinha é considerada um clássico, na praia de Carcavelos. Está ali desde 1976, sendo o último reduto de muitos restaurantes icónicos da Linha de Cascais.
Remodelado em 2006 e atualizado em termos decorativos há oito anos, o restaurante manteve, ainda assim, a essência original, em parte graças à continuidade de alguns funcionários que se tornaram na família alargada dos clientes. O serviço clássico, à inglesa, com recurso a carrinhos, tornou-se “mais informal, mas atento” e familiar, explica o responsável da casa, Vasco David, o que contribuiu também para que A Pastorinha continuasse a ser procurada para celebrações familiares, como casamentos, batizados, aniversários e outras ocasiões especiais.
Agora, o espaço vive um novo ciclo, com a entrada do chef Mauro Álison, vindo da unidade de cinco estrelas Hotel Casa Palmela, em Setúbal. “O que procuramos fazer em conjunto é trazer alguma inovação para dentro deste conceito mais tradicional e captar outro público”, mantendo fidelizadas as novas gerações de clientes. Tal não significa, contudo, modificar muito o menu; antes introduzir alguns novos pratos, ou atualizar algumas formas de empratar. O bacalhau de meia-cura com açorda de grelos é, por exemplo, uma das receitas que o chef tem testado.
“Com esta técnica ele mantém a salinidade e ganha uma textura mais suave”, explica Mauro. O arroz de marisco descascado, para duas pessoas, foi outro clássico que revisitou, dando o seu “cunho pessoal” ao caldo, “que tem uma base bastante trabalhosa”. No fundo, “é fácil aplicar novas técnicas ao mesmo produto, mantendo os sabores”. Outros frutos do mar não requerem grande ciência, a não ser grelhá-los e cozê-los no ponto certo, caso do camarão de Espinho com flor de sal. O peixe é também vendido ao quilo e confecionado ao gosto de cada cliente.
Grelhado pode ser, por exemplo, um pregado, acompanhado de batatas a murro, feijão verde, bróculos e cenoura. Frito, o peixe traz de guarnição arroz de bivalves ou arroz de tomate. Quem preferir carne encontra, entre outros pratos, lombo de novilho, costeleta de borrego e lombinho de porco. A refeição termina com uma decisão dificultada pela abundância de sobremesas dispostas num carrinho – cerca de uma dezena, alternadas entre 30 receitas. Durante a semana há ainda um menu de almoço completo, disponível no valor de 30 euros.